domingo, 3 de agosto de 2008

O matagal...

Ah, o cheiro daquele matagal... Não havendo necessidade pra exagero, falo com toda a franqueza: Era surreal! Nenhum aroma tão perfeito pode existir assim, impunemente.

Estou atravessando as idéias, confesso, mas é a pressa de postar, embora seja madrugada de um domingo chuvoso.

Esse matagal, que talvez hoje já não seja mais matagal, era um como tantos, lá dos idos da minha juventude.

Era um terreno baldio, palco das estórias mais emocionantes do bairro, alvo constante de pequenos tiranos entediados que se entrelaçavam como só quem tem tamanho pra isso poderia fazer, nos seus altos - e cortantes - ramos de capim novo.

Na proteção visual oferecida, toda sorte de brincadeiras e travessuras encontravam terra fértil pra germinar, e quando se é criança, uma vez havendo a possibilidade de se fazer o que não se deve fazer, automaticamente inexiste a possibilidade de não se fazer o que não deveria ter sido feito. Assim, fácil. Pecado era dizer não.

Desde pequenos, entretanto, prevalecia a consciência. Tardiamente, claro, mas toda besteira vinha acompanhada de uma reflexão sobre a vida, tal qual ela nos era gradualmente desvendada. O problema era restringir o alcance quase divinal das maquinações infantis, em pleno velho oeste, naquela terra sem lei, antes do estrago já ter sido feito.

Alguém aí se lembra daquele filme em que 4 garotos fogem de casa à procura de um corpo, seguindo a trilha de um trem e conversando sobre o futuro acompanhados pela maravilhosa trilha de 'Stand By Me'? Um dos meus preferidos dentre os clássicos da 'Sessão da Tarde'. A amizade, a inocência, a... nostalgia. Enlatada tão perfeitamente como só os USA podem fazer, lá está ela na sua mais bela forma, pelo menos na sétima arte.

Que me perdoem os que preferem posts mais racionais, mas numa noite como essa não se render à nostalgia beira a insensibilidade. Afinal, nem sempre olhar pra trás é sinônimo de não querer ver o que está aí, no agora. Mergulhar no passado muitas vezes ultrapassa a nostalgia: é um brinde ao imcompreensível. Entretanto, para não piorar ainda mais a situação desse post, que esbanja sentimento e carece de sentido, não pretendo me extender mais do que já fiz.

Deixarei agora que o sono me leve, dessa vez pra mais longe ainda do que a minha memória poderia chegar, absorvendo-me mais uma vez no aroma sempre fresco e verde do meu passado. Sim... eu usei verde como adjetivo mesmo. Por que se a cor verde tivesse um cheiro, com certeza seria o daquele matagal.


Líber

Um comentário:

Anônimo disse...

Ahhh mais um..

Entende-se que possa parecer mais um..mas como sempre mais um único!

Ah magia da narrativa enrenda os leitores de forma inigualável, meus parabéns vc tem um fã!